terça-feira, 23 de março de 2010

Roda viva

"Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu...
-
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega o destino prá lá ... "



Será mesmo que esses planos e projetos todos que nós fazemos são mesmo necessários? Será que não é mais simples deixar a vida levar? Não evitaria toda frustração que nos massacra nos momentos de reflexão ou naquelas horas em que nós fazemos um balanço geral da nossa vida até a epoca atual? Nada pior do que aquela sensação de impotência quando nós não chegamos onde sempre sonhamos...
Conversando com meu pai numa noite dessas eu descobri que o motivo que o fez ter cursado os tantos anos de engenharia lá na terra dele foi a vontade de se tornar engenheiro mergulhador. Ele ficava alucinado com a idéia de ter um desses empregos emocionantes... a emoção, as mergulhos, as grandes profundidades, o perigo, ser muitíssimo bem pago, ser admirado, e tudo mais (bom, pelo menos foi assim que ele o descreveu pra mim); mas, ironicamente e sem que ele percebesse, a vida o trouxe pra essas bandas, o fez se apaixonar por uma morena com longos cabelos negros e pernas torneadas (minha mãe... infelizmente essas características não foram passadas via DNA pra mim), daí eles casaram, daí tiveram filhos, daí ele foi ficando, ficando, e por aqui está até hoje (aliás, se divorciando).
Os planos de outrora se transfromaram ao longo dos anos. Hoje em dia, décadas depois, deram lugar a outros projetos, mais familiares e sempre relacionados ao que é melhor pros filhos. Mas, pra onde foi aquele sonho antigo? Os 18 anos de atividade paterna apagaram? Ou virou frustração?
Provavelmente, nem um, nem outro. Que não foram pagados qualquer um perceberia ao ver como os olhos dele brilhavam enquanto ele me contava e relembrava, e que não viraram amagura também é algo perceptível já que ninguém que carregue uma mágoa dessas por tanto tempo seria capaz de ter uma personalidade tão doce e amável e uma aura tão leve e divertida como a que o meu pai tem. Eu me arrisco a dizer que simplesmente viraram uma lembrança, a lembrança de um sonho dos tempos de faculdade.
Então eu me peguei pensando: e eu? onde será que eu vou chegar? Vou ser levada pela vida também? Ou vou chegar onde eu vislumbro estar? No primeiro semestre de Direito, a insegurança parece não dar descanço e se intensificar ao pensar em todas as possibilidades que se apresentam e se mostram brilhantes e tentadoras. Daqui a uns anos talvez eu reponda essa pergunta, mas eu sei, e eu sei porque meu pai me ensinou, que a vida sempre abre novas portas ou pelo menos alguma janela. Nunca os caminhos estão totalmente fechados, o que quase sempre está bem fechado são os nossos olhos que se fecham pra essas oportunidades e que deixam de enxergar que por mais que não cheguemos no lugar onde nós queremos, o lugar onde nós estaremos talvez seja ainda muito melhor.

2 comentários:

  1. cara, descreveste quase tudo que sinto a respeito dos meus sonhos. a veeelha impotência, a frustração e principalmente a impaciência, porque, no meu caso, ele ainda vai acontecer, só que eu tenho que esperar :/ (até fiz um post sobre isso)

    gosteei muuuuuito da analogia que fizeste à roda viva *-* e gabyzinha linda, tu escreves MUITÍSSIMO bem.

    beijo beijo, AMEI ;*

    ResponderExcluir
  2. ADOREI!
    Adorei o texto! Adorei o blog!
    Obrigada pelo comentário e pela visita lá no meu :)
    Escreves muitíssimo bem, realmente!
    Parabéns! =)

    Ah! Também tô te seguindo ;D

    ResponderExcluir