sexta-feira, 17 de maio de 2013

Corredores com cheiro de naftalina, pessoas com cheiro de anos de serviço e leite de rosas, o cheiro do dia maravilhoso de sol esperando pra ser vivido fora dos limites da catacumba do serviço público. Stress, o mal do século! Na cabeça, ecoam frases, "as pessoas tem empregos que não gostam, para ter coisas que não precisam", "o Brasil não funciona, você precisa trabalhar pra sobreviver", "quer viajar sem dinheiro? A vida é difícil, você tem que trabalhar". A passividade com que é possível se acomodar e aceitar o destino de uma vida tão cruelmente rotineira é nada mais, nada menos, do que o resultado do adestramento recebido desde a infância por esse monstro chamado sociedade. A fantástica vida de um assalariado. "Descobriu sozinha, filha?!". Engraçado ver a frustração dos diabinhos transgressores que ainda não morreram asfixiados pela comodidade de uma vida sem surpresas, eles ficam dentro do peito, só apertando o coração e causando dores de cabeça quando a rotina fica muito pesada. "Ah, se eu pudesse fugir! Talvez eu deva encontrar um meio de ser livre", "Que meio?", "Sei lá, posso viver do meu talento", "Mas qual talento? Não deu tempo de desenvolver nenhum, eu estava ocupada demais estudando pro vestibular", "Ainda dá tempo, sempre dá tempo", "Tem concurso mês que vem"... Sabe, pensando bem, nada contra. Por que não gostar de um destino previsível? O que tem de errado em viver de acordo com os padrões? O salário é até bom, dá pra pagar TV a cabo e pedir pizza... É tão mais fácil, tão menos cansativo... E o dia de hoje foi tão longo, tinha uma fila enorme de gente pra atender na repartição... E hoje é sexta, uma cervejinha resolve.