terça-feira, 29 de junho de 2010

Há quanto tempo não canto ...

Há quanto tempo não canto
Na muda voz de sentir.
E tenho sofrido tanto
Que chorar fora sorrir.

Há quanto tempo não sinto
De maneira a o descrever,
Nem em ritmos vivos minto
O que não quero dizer...

Há quanto tempo me fecho
À chave dentro de mim.
E é porque já não me queixo
Que as queixas não têm fim.

Há quanto tempo assim duro
Sem vontade de falar!
Já estou amigo do escuro
Não quero o sal nem o ar.

Foi-me tão pesada e crescida
A tristeza que ficou
Que ficou toda a vida
Para cantar não sonhou.

Fernando Pessoa - Há quanto tempo não canto

Há quase um ano não escrevo ...

Há quase um ano não 'screvo
Pesada, a meditação
Torna-me alguém que não devo
Interromper na atenção

Tenho saudades de mim.
De quando, de alma alheada,
Eu era não ser assim,
E os versos, vinham de nada.

Hoje penso quando faço,
'Screvo (não) sabendo o que digo...
Pra quem desce no espaço
Este crepúsculo antigo?


Fernando Pessoa - Há quase um ano não 'screvo

terça-feira, 22 de junho de 2010

Velho, eu gosto de ti. Da tua consciência de que o mundo é bem maior do que pensam as cabecinhas limitadas que pensam que dominam o universo todo final de semana, de que essa vida é uma onda bem mais "viajante" do que a maioria pensa, e gosto de tudo isso mesclado com a tua idiotice que me faz rir mesmo depois que passa a graça da piada já sem graça que tu inventa. Jura pra mim que tu não percebe o quanto só isso já faz de ti algo que realmente vale a pena? Pode até ser que tu não seja o tal do tipo certinho, de camisa pólo e todo arrumadinho que tu mesmo diz que é o que toda essa maioria quer, mas tanto faz porque eu tenho certeza de que ninguém no mundo me olharia desse mesmo jeito. Com os teus olhos. Eu sonho com eles o tempo inteiro, eu sinto o teu toque e a tua respiração quente, ouço tua voz todas as horas do meu dia, acordada ou dormindo. Eu preciso da tua loucura pra me fazer acordar. Eu preciso de ti pra questionar os meus silêncios ou a minha falta de espontaneidade. E essa necessidade transcende qualquer explicação ou motivo que eu possa te dar. Eu preciso de ti, não só do som da teu violão, do teu gosto musical, do jeito que tu me olha ou das tuas cortadas que me irritam; eu quero todo o teu universo. Eu te...


Deixa pra lá... Acho que tu entende...